quarta-feira, 24 de abril de 2013

PAI



Se você morresse,
Eu não choraria.
Sob meus olhos,
Matéria fria
Feita num leito perturbado,
Sem laço,
Com traço de troça,
De derrota;
De consolo fácil.

O que foi senão uma lenda?
Uma lembrança não lembrada...
Mas há o espelho que remenda
A visão que não foi dada. 

(Liga pra mim,
Faz alguma coisa,
Vem atrás.
Não me deixa aqui,
Chorando sozinha.)

Nessa altura da vida
O trauma aparece,
Perturba a paz
E o futuro estremece.

Me enganei com os livros
Com os inícios fáceis.
Queria eu aprender a cantar
E deixar o mal que me fazem.

A derrota goza vitória. 
Vitoriosa sobre a matéria
Que foi modificada.

Minha dor não é sua.
Minha dor não é sua.
Minha dor é só minha e de mais ninguém.
Eu arrancaria minha pele,
Arrancaria meus olhos,
Arrancaria minhas veias,
Arrancaria aquela maldita noite dos anos.
Mas nada disso é seu,
É tudo eu.
E não espero uma melhor volta
Que um tiro certeiro,
Pra mão que nunca solta. 





Maldito seja tudo que há de você em mim.







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