sábado, 18 de maio de 2013

O deixar



“Guto, meu querido, nós não temos espaço para um cachorrinho... você pode brincar com o Bola, o cãozinho do vizinho! Que tal?”
“Mas mãe... Eu quero tanto um cachorrinho!”

E era essa conversa todo dia; quando acordava, quando voltava da escolinha, na hora do jantar, e até nas orações antes de dormir.
E q
uando via um cãozinho na rua então?!
Guto não se cansava de pedir, ele realmente queria um cachorrinho! 

Mas Dona Paula não mentia quando dizia não ter espaço... A casa de três cômodos na periferia de São Paulo era dividida entre ela, o marido e quatro filhos; deles, Guto era o mais novo com sete anos.
  
Mas no fim do ano quando todo mundo ganhou presente, Guto finalmente ganhou seu cachorrinho! A alegria foi tanta que Guto abraçava seu cãozinho e pulava com ele de um lado para o outro!
E dizia: “Eu te amo Rex!”

Guto botou Rex pra dormir no mesmo colchão que ele na primeira semana e quando Rex choramingava de madrugada, Guto acordava e dava leite pra ele pingando de seu dedo pra pequenina boca do cachorrinho.
Guto não via a hora de voltar logo da escola e passar a tarde toda brincando com seu cachorrinho!
Guto amava tanto seu cachorrinho!
 
 ...

        ...

                ...


Mas depois de alguns meses o menino já não estava mais tão ansioso pra voltar pra casa e brincar com Rex, afinal ele babava e mordia muito sua mão.

Depois de mais alguns meses, Rex mordeu seu tênis de jogar bola e levou uns tapas de Guto.

Depois de um ano Rex já não era mais uma bolinha fofa e Guto já não se lembrava mais de quanto desejou e pediu por seu cãozinho.













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